Piloto português criou um dos games mais viciantes de futebol
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Piloto português criou um dos games mais viciantes de futebol
Em algum momento da década de 90, é possível que o argentino Abel Balbo, da Roma, tenha sido um dos grandes jogadores do mundo para você. Se isso aconteceu, é bem provável que você tenha jogado Elifoot 98, um dos primeiros jogos manager para fãs de futebol do Brasil. Identificou-se? Então pode agradecer a André Elias, o piloto de avião português que criou o game.
Embora tenha fica conhecido no Brasil com a versão de 1998, o game é mais velho. “O Elifoot foi feito pela primeira vez para o ZX Spectrum na linguagem BASIC. Este computador se tornou popular em Portugal por volta de 1985. Havia um jogo manager à altura, mas só dava para um único jogador. Queria jogar com os amigos, mas contra eles, e como não existia o que queria, resolvi criar. Assim, fiz um jogo para eu próprio jogar'', conta Elias, 44 anos, em entrevista ao UOL Esporte por e-mail.
Da primeira versão, de 1987, foram 11 anos até a quarta versão, responsável pelo boom do Elifoot no Brasil. Em 1998, o torcedor/internauta do Brasil passou a divulgar o game, com gráficos simples e farta opção de dados. As informações do futebol brasileiros alcançava clubes dos mais diversos rincões do país – times como Kindermann (SC), Portuguesa Santista (SP), Desportiva (ES), Londrina (PR), Brasil Farroupilha (RS) e Gama (DF) estavam à disposição do “treinador''.
Parece pouca coisa? Imagine conseguir os elencos de mais de 100 times do Brasil (fora de outros países) pela internet no final da década de 90. “Em 1996, o AltaVista (site de buscas) facilitou pela primeira vez a pesquisa na internet. Não havia jornais nem sites que compilassem os campeonatos, ou as equipes e estatísticas. Era necessário tentar encontrar os sites oficiais dos clubes, e mesmo assim era difícil'', explicou. “Com o tempo, fui arranjando colaboradores, principalmente no Brasil, que ajudaram a compor o jogo mais famoso da época.''
Aos poucos, o torcedor brasileiro foi se adequando à nova temática, comprando e vendendo jogadores, entrando em leilões, assumindo o gerenciamento de novas equipes, ampliando estádios, renovando contratos do elenco e conquistando títulos. O sucesso poderia ter sido ainda maior, não fosse um porém: como o Elifoot foi produzido inicialmente apenas em português, e teve pouca penetração em países de língua inglesa, francesa, italiana ou alemã.
“O Elifoot se tornou popular nos países de língua portuguesa. Infelizmente, não foi desenvolvida nos anos 80 e 90 uma versão em inglês. Isso sim, teria levado o Elifoot a uma marca de nível mundial. Há alguma penetração, embora 90% do mercado esteja nos jogadores de língua portuguesa'', contou Elias. “Entretanto, para 2015 o Elifoot vai ter evolução, principalmente ao nível de interface e de estatísticas, o que pode vir a ajudar a difundir o jogo em mais países'', completou. Hoje, o site do jogo tem uma versão em inglês.
Shareware x crack: o problema do Elifoot
O game, entre outras novidades para a década de 90, contava com um editor de equipes – desta forma, o próprio jogador poderia excluir e criar times e jogadores. Contra rivais como Real Madrid, Barcelona, Manchester United e Bayern de Munique, o fã poderia alinhar seu time, com os amigos de escola, bairro ou clube.
Em compensação, a versão paga do Elifoot 98 não emplacou. O jogador poderia utilizar todas as opções de compra e venda de jogadores, mas os cracks (os códigos numéricos que desbloqueavam o segredo) eram facilmente encontráveis na internet. Os planos de lucrar com o jogo – distribuído gratuitamente em uma versão limitada – perderam terreno, justamente em decorrência do sucesso feito pelo jogo.
André, ao que tudo indica, não gosta de tocar no assunto. Piloto de aviões, ele não sobrevive do Elifoot, e sim, do emprego formal. “Trabalho como piloto comercial, atividade que permite dedicar ao Elifoot de forma a manter e atualizar o jogo nas três plataformas (PC, tablet e celular), mantendo um retorno financeiro que justifica o tempo e empenho dedicados ao projeto'', explica.
Em compensação, o sucesso do Elifoot rendeu muitos frutos. Jogos como Championship Manager (1992), Brasfoot (2003) e Football Manager (2005) caíram igualmente nas graças do internauta – desta vez, também em países que não falavam português. Concorrência? Não para André Elias.
“Esses jogos são mais complexos, o que os diferencia e distancia. O Elifoot preenche o nicho dos jogos simples, em que é fácil começar um campeonato com vários amigos e em uma tarde fazer três ou quatro temporadas. Daí que não é propriamente uma concorrência direta, mas sim um complemento em um outro segmento'', analisa.
Graças ao ofício na aviação, André – que torce pelo Benfica, mas que se diz “Mourinhense'' e “Ronaldense'' – pode estar próximo aos fãs que “viciou'' no Brasil. “Gosto da aviação, fotografia e astronomia. Enquanto piloto de aviões, tenho oportunidade de visitar o Brasil umas quatro vezes por ano'', diz ele, feliz com a relação afetiva criada entre o Elifoot e os fãs, mesmo depois de quase 30 anos de surgimento.
“O Elifoot conta já com 28 anos de existência. As versões para telefones celulares e tablets são tecnicamente novas aplicações; mas, mesmo assim, estive em estreita colaboração com os programadores para que as características essenciais não se percam. Tem sido um projeto muito interessante de desenvolver, e é essa a principal motivação para continuar cada vez mais longe'', analisou.
http://uolesporte.blogosfera.uol.com.br/2015/01/17/ele-tem-viciado-voce-em-games-de-futebol-ha-decadas-e-sem-faturar-com-isso/
Chad- Coordenador
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